São Silvestre: 100 anos de tradição e superação nas corridas de rua
São Silvestre é mais do que uma corrida; é uma celebração da superação e da paixão pelo esporte. Neste ano, a prova chega à sua centésima edição, reunindo corredores de todos os níveis. Venha descobrir a história e as curiosidades que fazem dessa corrida um evento tão especial!
São Silvestre: 100 Anos de História e Paixão nas Ruas de São Paulo
A Corrida Internacional de São Silvestre, um verdadeiro ícone do esporte brasileiro, está prestes a celebrar um marco histórico: sua centésima edição, que acontecerá no dia 31 de dezembro de 2025. Mais do que uma simples prova, ela se tornou um símbolo de superação e tradição, atraindo tanto atletas de elite de diversas nações quanto milhares de corredores amadores que buscam encerrar o ano com um desafio memorável.
A Gênese de uma Lenda: A Visão de Cásper Líbero
A ideia de criar a São Silvestre surgiu da mente brilhante do jornalista Cásper Líbero, que era diretor e proprietário do jornal *A Gazeta*. Segundo o professor Celso Teixeira, especialista em atletismo do Cepeusp, Cásper Líbero se inspirou em uma competição noturna que presenciou na França, onde corredores empunhavam tochas. Fascinado pelo evento, ele decidiu trazer uma versão semelhante para o Brasil. Assim, em 1925, nascia a primeira edição da São Silvestre, uma prova que, na época, era inédita no mundo e que, com o passar do tempo, inspirou eventos similares em vários países.
A Primeira Largada e a Escolha do Nome
Cásper Líbero inovou ao programar a corrida para a virada do ano. A largada da edição inaugural aconteceu na noite de 31 de dezembro de 1924, com a chegada já na madrugada de 1º de janeiro de 1925. O nome “São Silvestre” foi uma homenagem à Igreja Católica, que celebra o dia de São Silvestre, o papa da Igreja, em 31 de dezembro.
O Percurso: De Simples a Icônico
Nas primeiras edições, a preocupação principal era apenas definir uma distância adequada para os competidores, sem um foco específico em pontos turísticos. No entanto, o trajeto atual da São Silvestre se tornou um verdadeiro cartão-postal de São Paulo, passando por marcos importantes como o Masp, o Parque Trianon, a Catedral da Sé, o Pátio do Colégio e o Edifício Martinelli, entre outros.
Abertura para o Mundo e o Retorno da Glória Brasileira
Inicialmente, a São Silvestre era uma prova exclusiva para atletas brasileiros. Essa regra mudou em 1945, quando a participação foi estendida a corredores estrangeiros. Essa abertura trouxe um novo nível de competitividade, e o Brasil levou décadas para reconquistar o lugar mais alto do pódio, feito alcançado por José João da Silva em 1980.
A Inclusão Feminina: Um Passo Histórico
Por muitos anos, a corrida era oficialmente restrita a homens. Embora algumas mulheres tenham participado de forma não oficial, foi somente em 1975 que a participação feminina foi oficialmente liberada. Naquela edição histórica, a alemã Christa Vahlensieck se tornou a primeira mulher a vencer a prova, marcando um momento crucial para a igualdade no es esporte.
A Evolução da Distância e o Crescimento dos Participantes
A distância exata da primeira edição ainda gera debates, com algumas fontes indicando 6.200 metros e outras 8.800 metros. O que é certo é que Alfredo Gomes, do Clube Espéria, foi o primeiro vencedor, completando a prova em 23 minutos e 10 segundos. A largada original era na Avenida Paulista e a chegada na Ponte Grande. O número de participantes cresceu exponencialmente: de apenas 48 atletas em 1925, saltou para mais de 2.000 em 1950. Em 1995, foi estabelecido um limite máximo de 10 mil corredores, exigindo adaptações no percurso para acomodar a multidão.
A Mudança do Horário: Adequação ao Cenário Global
Um dos grandes charmes da São Silvestre era sua realização noturna, na virada do ano. Contudo, esse ciclo se encerrou em 1989. A partir de 1991, a prova passou a ser disputada na manhã do dia 31 de dezembro, horário que se mantém até hoje. Essa alteração foi necessária para alinhar a corrida ao calendário internacional de eventos.
Grandes Nomes que Brilharam na São Silvestre
Ao longo de sua rica história, a São Silvestre foi palco para grandes lendas do atletismo mundial. Entre os homens, destacam-se Emil Zátopek, campeão olímpico que venceu em 1953; o equatoriano Rolando Vera, tetracampeão; o queniano Paul Tergat, com cinco vitórias; e os brasileiros José João da Silva e Marilson dos Santos, ambos tricampeões. No feminino, a portuguesa Rosa Mota é um nome lendário, com seis vitórias; a brasileira Márcia Narloch venceu em 1995; e a queniana Lydia Cheruiyot conquistou três edições.
Curiosidades e Momentos Marcantes
A São Silvestre é repleta de histórias curiosas. Nas primeiras edições, por exemplo, era proibido beber água durante a prova. Em 1953, após sua vitória, Emil Zátopek elogiou a elegância do público brasileiro, sem saber que as pessoas estavam vestidas para as celebrações de Réveillon. A corrida foi realizada ininterruptamente desde 1925, inclusive durante a Segunda Guerra Mundial. A única exceção ocorreu em 2020, quando a prova foi adiada para julho de 2021 devido à pandemia de covid-19.
O Percurso Atual e as Memórias do Antigo Trajeto
Atualmente, a largada acontece na Avenida Paulista, no sentido da Rua da Consolação, com os corredores passando pelo centro histórico e retornando pela Avenida Brigadeiro Luís Antônio. Antigamente, o percurso era feito no sentido inverso. O professor Celso Teixeira recorda que, próximo ao final da Rua da Consolação, havia uma guarnição do Corpo de Bombeiros que refrescava os atletas com jatos de água, proporcionando um alívio bem-vindo e momentos de descontração.
Fonte: Jornal da USP
