Morre Seu Ficão, Lenda das Corridas de Rua em Itapetininga

Hoje, a corrida de rua perde um de seus maiores ícones: Seu Ficão. Com uma trajetória de mais de 50 anos, ele deixou um legado que inspira corredores de todas as idades. Vamos conhecer mais sobre sua vida e impacto no esporte.
A Vida e o Legado de um Corredor Incansável
A comunidade de Itapetininga (SP) e o universo da corrida de rua se despedem de uma figura icônica: Francisco Geraldo da Silva, mais conhecido como “Seu Ficão”. Ele faleceu nesta quinta-feira, 14 de agosto, aos 86 anos. Por mais de cinco décadas, Seu Ficão dedicou sua vida ao esporte, tornando-se uma referência tanto nas pistas quanto nos campos de futebol da região. A notícia de seu falecimento foi confirmada por seu filho, Djalma Lúcio Monti da Silva.
Uma Trajetória Marcada por Conquistas e Disciplina
A paixão de Seu Ficão pelo esporte começou cedo, ainda no futebol de Itapetininga, onde ganhou seu famoso apelido. No entanto, foi na corrida de rua que ele construiu sua história mais notável. Ele iniciou sua jornada aos 16 anos e só parou de competir aos 80, devido a uma artrose no joelho esquerdo. Sua carreira é repleta de participações impressionantes, incluindo 34 edições da renomada Corrida Internacional de São Silvestre, na capital paulista. Além disso, ele marcou presença em diversas provas por cidades como Tatuí, Avaré, Sorocaba, São Miguel Arcanjo, São Roque, Santos, Bauru e Barra Bonita.
Mesmo trabalhando como pintor e na construção civil, longe do ambiente esportivo, sua dedicação era exemplar. Em entrevistas, ele sempre enfatizava que seu sucesso vinha de uma disciplina rigorosa: nunca bebeu, usou drogas ou “foi para a farra”. Entre suas muitas honrarias, dois momentos se destacam: em 2016, ele foi um dos condutores da tocha olímpica, tendo a honra de acender a pira no Horto Religioso. Outro reconhecimento importante veio em 2004, quando recebeu a “Medalha de Mérito Doutor Júlio Prestes de Albuquerque” da Câmara Municipal de Itapetininga, um testemunho de sua valiosa contribuição.
O Esporte como Herança Familiar
A paixão de Seu Ficão pelo esporte transcendeu sua própria vida, tornando-se um verdadeiro legado familiar. Em uma reportagem recente do g1, ele e seu filho, Djalma, de 59 anos, compartilharam como a corrida de rua fortaleceu ainda mais o vínculo entre eles. Djalma, que desde os seis anos acompanhava o pai nos campos de futebol e, aos 18, nas corridas, sempre viu Francisco como um “caminho de exemplo” tanto no esporte quanto na vida. Essa paixão contagiou a nova geração, com a neta Mariah Oliveira, de 17 anos, também participando ativamente de corridas ao lado da família e do tradicional grupo Loucos por Corrida, do Esporte Clube XV de Novembro. Vale ressaltar que esse grupo foi fundado e dirigido por Francisco de 1955 a 2014, e hoje é liderado com orgulho por Djalma.
Último Adeus: Velório e Sepultamento
O corpo de Francisco Geraldo da Silva está sendo velado no Memorial Antônio Ferreira de Camargo, localizado no Centro de Itapetininga. O sepultamento está agendado para as 16h30, no Cemitério Jardim Colina da Paz. É um momento de profunda tristeza e despedida para familiares, amigos e todos aqueles que foram tocados e inspirados pela vida e dedicação de Seu Ficão ao esporte.
Fonte: G1