Nilson Lima: O Homem Maratona que Quer Fechar o Brasil e a Europa

Nilson Lima: O Homem Maratona que Quer Fechar o Brasil e a Europa
Nilson Lima: O Homem Maratona que Quer Fechar o Brasil e a Europa
0:00 / 0:00

Nilson Lima, aos 72 anos, é um exemplo de determinação e paixão pela corrida. Neste artigo, vamos explorar sua trajetória inspiradora e seus planos audaciosos para o futuro.

Nilson Lima: A Jornada Incansável do “Homem Maratona”

Conheça Nilson Lima, um consultor financeiro de 72 anos que personifica a paixão pela corrida. Apelidado de “homem maratona”, ele está prestes a completar sua 417ª prova, um feito que o coloca em um patamar de resiliência e dedicação. Sua próxima parada é Aracaju, onde fará sua primeira maratona na capital sergipana, adicionando mais um marco a uma carreira impressionante que já o levou por 69 países.

Uma Vida Dedicada à Corrida: Números que Impressionam

Nascido em Uberlândia, Minas Gerais, Nilson já percorreu um total de 17.553 km em maratonas oficiais de 42 km. Para se ter uma ideia, essa distância equivale a quase meia volta ao mundo, considerando a circunferência da Linha do Equador de 40.075 km. O mais notável é que, em todas as suas centenas de provas, ele nunca abandonou uma corrida.

Suas conquistas são verdadeiramente extraordinárias. Nilson já completou maratonas em todos os países da América do Sul e nos 50 estados dos Estados Unidos. Ele também viajou para correr em 69 países, abrangendo todos os continentes. Em seu currículo, ostenta três mandalas das Six Majors — as seis maratonas mais prestigiadas do planeta (Berlim, Boston, Chicago, Londres, Nova York e Tóquio). Vale ressaltar que, em 2025, Sydney foi incluída no grupo, e Nilson já marcou presença por lá.

A Maratona de Boston, a mais antiga e tradicional do mundo com 129 anos, é sua preferida, com 13 participações e a 14ª já agendada para 2026. Além disso, ele encarou dez edições da Comrades, a desafiadora ultramaratona sul-africana de 90 km.

O Sonho de “Fechar o Brasil e a Europa”

Apesar de sua vasta experiência internacional, Nilson ainda não correu em todos os 27 estados brasileiros (incluindo o Distrito Federal), tendo completado entre 18 e 20. Ele faz parte de um grupo de cerca de 100 maratonistas que compartilham o objetivo de “fechar o Brasil” correndo 42 km em cada unidade federativa.

Nilson explica que a principal barreira para essa meta é a falta de maratonas com chancela oficial da CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo) em todos os estados. Ele sonha em ajudar a popularizar a maratona por todo o país, notando que os estados do Norte e Nordeste ainda não abraçaram a cultura da corrida com a mesma intensidade do Sudeste. A chegada de uma grande corrida de rua em Aracaju, com cerca de 10 mil atletas, é um passo importante nessa direção.

Além do Brasil, Nilson tem como meta correr em todos os 50 países da Europa. Até o momento, ele já marcou presença em 39. Suas prioridades incluem Luxemburgo, Mônaco, Letônia e Ucrânia, e ele acredita que conseguirá completar o continente até 2027, apesar do desafio de datas coincidentes e da concentração de provas no verão europeu.

A Rotina de um Maratonista Incansável

Recentemente, Nilson encerrou uma viagem pela Europa, onde participou de maratonas na França (a famosa Medoc, em Bordoux, com 21 pontos de degustação de vinho), Lituânia, Berlim, Bósnia e Macedônia do Norte. Ele comenta que muitas vezes repete locais devido ao calendário das provas e à sua agenda pessoal, aproveitando a oportunidade para explorar novos lugares.

Para se manter em forma e evitar lesões, Nilson segue uma rotina de treinos rigorosa. Ele corre cinco vezes por semana, pratica deep runner (corrida na piscina), faz três sessões de musculação, três aulas de pilates e uma de spinning. Embora confesse odiar o spinning, ele reconhece a importância da atividade para sua preparação. Sua equipe de apoio inclui fisioterapeuta, nutricionista e cardiologista, garantindo que ele se mantenha saudável e ativo.

Mesmo com o ano de 2025 chegando ao fim, Nilson ainda tem oito maratonas programadas após Aracaju: Florianópolis, Verona e Turim (Itália), Deserto do Saara (sua primeira vez no Norte da África), Alicante e Valência (Espanha), Ilhas Canárias (também uma estreia) e Macapá (outra novidade no território brasileiro). Ele planeja fechar o ano com 45 maratonas, um número impressionante, embora seu recorde tenha sido em 2018, com 53 provas.

Família, Amigos e o Legado da Corrida

As filhas de Nilson — Cláudia, de 42 anos, Tatiana, com 41, e Simone, 32 — brincam que ele viaja demais. No entanto, sua esposa, Silvana, de 55 anos, diretora de uma franqueadora de idiomas, é uma grande apoiadora. Ela mesma já correu 80 maratonas e completou nove Ironmans, compreendendo perfeitamente a paixão do marido pelo esporte.

Nilson faz questão de ressaltar que, apesar das viagens, ele continua trabalhando para sustentar seu estilo de vida. Ele busca sempre as opções de viagem mais econômicas e aproveita programas de fidelidade. Além disso, faz parte de cerca de dez grupos de corredores pelo mundo, o que lhe proporciona a companhia de amigos e, muitas vezes, hospedagem em suas casas, algo que ele valoriza muito, pois “vai além da corrida”.

No dia 31 de dezembro, Nilson manterá uma tradição familiar: participar da 100ª edição da São Silvestre, a famosa prova de 15 km pelas ruas de São Paulo, ao lado de sua família e amigos. Ele já completou essa corrida “umas 40 vezes”. Foi na São Silvestre que sua jornada na corrida começou, após anos de provas de 5 km e 10 km. Aos 45 anos, em 1998, ele encarou sua primeira maratona em São Paulo, uma experiência que, apesar do sofrimento inicial, o impulsionou a seguir em frente.

A marca histórica de 400 maratonas foi alcançada em maio de 2025, na Maratona de Uberlândia, uma prova que leva seu nome. É a única no Brasil com largada e chegada dentro de um estádio de futebol, o Estádio Parque do Sabiá, com capacidade para 60 mil pessoas. Na ocasião, amigos correram ao seu lado e outros o aplaudiram das arquibancadas, transformando o evento em uma verdadeira festa.

Quando questionado sobre sua prova preferida, Nilson não hesita em apontar a Maratona de Boston, que ele considera um “selo de qualidade” para maratonistas devido à sua exigência de qualificação. Ele estava presente em 2013, quando o atentado interrompeu a prova, e a experiência, embora traumática, o fidelizou ainda mais à corrida. Nilson já havia cruzado a linha de chegada e estava a cerca de 400 metros das explosões, uma imagem que, segundo ele, nunca saiu de sua memória.

A corrida, para Nilson, é mais do que um esporte; é uma fonte de juventude e propósito. Ele afirma: “Acho que se eu tivesse falecido em 1998, quando corri a minha primeira maratona, teria morrido muito mais velho do que quando isso vier a acontecer. Hoje sou muito mais jovem, com muito mais disposição e ousadia. Quero chegar no final dessa linha em pé e fazendo o que escolhi.”

Fonte: O Globo

Conteúdos Relacionado