Maratonas: A Verdade por Trás dos 42.195 Metros Oficiais

Maratonas: A Verdade por Trás dos 42.195 Metros Oficiais
Maratonas: A Verdade por Trás dos 42.195 Metros Oficiais
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E aí, corredores! Já pararam para pensar por que a distância daquela maratona que você correu no GPS nunca bate com os famosos 42.195 metros oficiais? Pois é, a medição de maratona tem seus segredos e, acredite, o que seu relógio mostra pode não ser a história completa.

Maratonas: A Verdade por Trás dos 42.195 Metros Oficiais

Sabe aquela sensação de cruzar a linha de chegada de uma maratona e o seu GPS de pulso marcar uma distância diferente dos famosos 42.195 metros? Pois é, essa é uma dúvida comum entre corredores. A verdade é que, para uma prova ser considerada oficial e seus resultados homologados — ou seja, válidos para recordes e rankings —, a medição precisa ser feita de um jeito bem específico.

A principal razão para essa discrepância é que, ao usar um GPS comum para “medir” um percurso, a pessoa geralmente não se preocupa em seguir o trajeto mais curto possível, tangenciando cada curva e retorno. Isso faz com que a distância registrada pelo GPS seja menor do que a real. Se o seu relógio marcou 42,2 km ou 21,1 km ao final de uma maratona ou meia, é um forte indício de que a prova não tinha a distância oficial completa. Um corredor que realmente busca o menor trajeto em uma maratona homologada, ao final, verá seu GPS marcar algo entre 42,3 km e 42,5 km.

Muitas organizações de prova optam por medições via GPS pela praticidade e para evitar os altos custos e a complexa logística de contratar os serviços de aferição da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) ou das federações estaduais.

O Segredo dos 42.237 Metros: Entenda a Distância Real

Para que os resultados de uma maratona ou meia maratona sejam homologados, a exigência é que a distância mínima seja de 42,2 km e 21,1 km, respectivamente. Mas tem um detalhe ainda mais curioso: para garantir essa distância mínima e compensar qualquer pequena variação, os medidores oficiais adicionam 1 metro a cada quilômetro do percurso. Isso significa que uma maratona com resultados válidos para recordes tem, na verdade, 42.237 metros (os 42.195 metros oficiais mais 42 metros adicionais).

Essa aferição é realizada por profissionais capacitados, geralmente dois ou três, utilizando bicicletas especialmente calibradas para medir a distância com precisão. O foco principal desses especialistas é sempre encontrar o menor trajeto possível, prestando atenção especial à tangência nas curvas e retornos. Para a marcação final do percurso, é considerado o trajeto que consegue atingir a distância mínima exigida de 42,2 km ou 21,1 km.

Erros de Percurso: Quando a Medição Falha

Mesmo com toda a precisão da medição oficial, imprevistos podem acontecer no dia da prova, comprometendo a distância real. Falhas no balizamento ou na sinalização do itinerário podem fazer com que o trabalho de aferição seja, literalmente, jogado fora. Já vimos muitos casos assim aqui no Brasil, mas até em provas gigantes, como a Maratona de Nova York, isso já ocorreu.

Em 1981, por exemplo, o norte-americano Alberto Salazar venceu com 2:08:31 e a neozelandesa Allison Roe com 2:25:29. No entanto, essas marcas não foram consideradas recordes mundiais porque, na aferição pós-prova, constatou-se que o percurso estava 150 metros abaixo dos 42,2 km exigidos, devido a uma falha na sinalização que desviou os corredores para um trajeto mais curto.

Eu mesmo vivi uma situação parecida na Meia Maratona de Lisboa (não lembro o ano exato, mas a memória da frustração é viva!). Lá pelos 10 km, meu cronômetro indicava que eu estava a caminho de um novo recorde pessoal. Mas a expectativa desmoronou ao me aproximar da chegada e perceber que o trecho final havia sido esticado. O motivo? Um erro grosseiro de balizamento que fez os corredores cruzarem diretamente a famosa Praça do Comércio, em vez de circulá-la, cortando uns 200 metros do percurso.

O Futuro da Aferição: Novas Tecnologias e a Busca pela Precisão

Apesar do método da “bicicleta calibrada” ser centenário e confiável, é possível que, em breve, a aferição de percursos evolua para o uso de equipamentos eletrônicos, como o GPS. Para isso, seria crucial que a medição eletrônica seguisse rigorosamente a linha do menor trajeto, algo que nem sempre acontece quando feita de moto, carro ou, pior ainda, apenas no computador.

Para organizadores que não buscam a homologação oficial, mas querem se aproximar da distância correta, uma alternativa seria recorrer a ciclistas ou corredores experientes que, com um GPS de alta precisão, percorram o trajeto mais econômico possível. Se o sinal de satélite for bom (sem morros ou prédios altos que atrapalhem), o GPS deve marcar uma distância muito próxima da aferida pela bicicleta. Nesses casos, para garantir que a distância seja suficiente, poderiam ser adicionados 100 a 200 metros extras ao final do percurso, caso algum atleta de elite queira tentar um recorde.

Enquanto a medição oficial não se torna mais acessível ou as novas tecnologias não são plenamente regulamentadas, os resultados de provas não aferidas oficialmente não são homologados pela CBAt. Consequentemente, eles não são considerados para o Ranking Brasileiro de Maratonistas. Um exemplo recente foi a Maratona de Blumenau deste ano, onde os GPS dos participantes indicaram apenas 42 km na chegada, o que significa que o percurso não atingiu a distância mínima exigida para homologação.

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