Maratona Fila 2025: Percurso com Erro e Resultados Não Homologados

A Maratona Fila de 2025 trouxe à tona um problema sério: o percurso não atingiu a distância mínima exigida. Vamos entender o que aconteceu e como isso afetou os corredores.
Maratona Fila 2025: Um Percurso Mais Curto que o Esperado e a Frustração dos Corredores
E aí, galera da corrida! Quem esteve na Cidade Universitária da USP, em São Paulo, no domingo, 24 de agosto, para a Maratona Fila 2025, provavelmente sentiu um misto de emoção e, para muitos, uma pontinha de decepção. A prova, que oferece opções de revezamento em duplas e quartetos, além da modalidade solo, é sempre um grande encontro de corredores. Mas, este ano, um detalhe crucial ofuscou o brilho de muitos resultados: o percurso não atingiu a distância mínima oficial.
A Questão da Distância: 41,47 km em Vez de 42,2 km
O trajeto foi planejado com quatro voltas de 10,5 km cada, totalizando os 42 km esperados para uma maratona. No entanto, a distância mínima exigida para a homologação de marcas é de 42,2 km. E foi aí que a coisa apertou. Muitos corredores, ao final da prova, notaram que seus relógios GPS de última geração marcavam menos do que o necessário.
Um exemplo claro foi o do Nilson Paulo de Lima, de Uberlândia, um veterano com 410 maratonas no currículo (a Fila foi a 410ª!). Ele registrou 41,47 km em seu GPS e finalizou a prova em 3:45:16. Nilson ficou surpreso com o tempo, sete minutos abaixo de seu melhor do ano (3:52:20 em Campo Grande), mas logo entendeu o motivo. Ele ressaltou que, em suas inúmeras maratonas oficiais, nunca havia terminado uma prova com o relógio marcando menos de 42,2 km. A preocupação dele é que “a prova da Fila teve 1 km a menos que o correto e acho difícil que Boston aceite seus resultados para a inscrição.”
O Ponto de Retorno Problemático na Avenida da Escola Politécnica
Outro corredor, André Souza, também percebeu a inconsistência. Ele decidiu continuar correndo após cruzar a linha de chegada até que seu relógio marcasse os 42,2 km completos. “Eu só parei o relógio quando cheguei na distância de 42,2. Quando cruzei a chegada ainda faltavam muitos metros”, relatou André. Ele compartilhou um print de sua atividade no Strava, mostrando a diferença e apontando que o erro parecia estar no ponto de retorno na Avenida da Escola Politécnica. Comparando com a edição anterior, André notou que “em 2025 o retorno estava antes do que deveria”. Essa falha na demarcação o fez até “desistir de fazer as tangentes certas”, já que o percurso estava comprometido.
Não foram casos isolados. Diversos outros corredores usaram as redes sociais para registrar a inconsistência, compartilhando prints de seus GPS e comentários sobre o percurso mais curto.
Impacto nos Resultados e na Homologação das Marcas
A principal consequência desse erro de medição é que os resultados obtidos na Maratona Fila 2025 não poderão ser homologados. Isso significa que as marcas não serão consideradas oficiais e, mais grave ainda, não serão válidas para o Ranking Brasileiro de Maratonistas.
Para os corredores solo, que muitas vezes treinam meses a fio com o objetivo de bater um recorde pessoal ou alcançar um índice para outras provas, essa situação é extremamente frustrante. A dedicação e o esforço de cada um acabam não sendo reconhecidos oficialmente, mesmo que o desempenho individual tenha sido excelente.
O problema se agrava ao saber que, segundo muitos participantes, esse erro no percurso já havia acontecido na edição do ano passado (2024), apesar de ter sido contestado pela organizadora Beta Sports. A repetição da falha demonstra uma falta de atenção e respeito com os atletas que confiam na seriedade do evento.
Reflexões sobre a Organização de Eventos de Corrida
Eventos como a Maratona Fila são importantes para a comunidade de corredores, mas a precisão é fundamental, especialmente em provas de longa distância. Quando há erros de medição, a credibilidade da organização é posta em xeque.
Seria mais transparente e honesto se a organizadora, Beta Sports, assumisse o caráter mais festivo do evento, informando que as voltas teriam “aproximadamente” 10,5 km e a maratona “em torno de 42 km”, sem o rigor técnico de uma prova homologada. Isso evitaria a frustração de quem busca uma marca oficial.
É interessante notar que, quando as maratonas erram para mais no percurso (o que é raro), as reclamações nas redes sociais são imediatas, com os corredores culpando a distância extra por seus tempos. No entanto, quando o percurso é mais curto, a falha muitas vezes passa despercebida ou é menos comentada, como também ocorreu na prova de Blumenau este ano. Isso não diminui a gravidade do problema, que afeta diretamente a validade dos resultados e a confiança dos atletas.
A lição que fica é a importância da aferição rigorosa e da comunicação clara por parte das organizações. Corredores dedicam tempo, dinheiro e muita energia para participar de uma maratona, e merecem ter a certeza de que estão correndo em um percurso preciso e homologado.
Fonte: Contra Relógio