Fotografia de corrida: a nova paixão dos atletas amadores em BH

Você já parou para pensar como a fotografia de corrida pode transformar a experiência de um atleta amador? Em Belo Horizonte, essa prática está se tornando cada vez mais comum e emocionante!
A Ascensão da Fotografia de Corrida entre Atletas Amadores em BH
Em Belo Horizonte, a paixão pela corrida de rua ganhou um novo tempero: a fotografia. O que antes era um privilégio de atletas de elite, agora é uma realidade para corredores amadores, transformando a experiência de cada prova e treino em um momento memorável e digno de registro.
O Novo Comportamento dos Corredores: De Olho na Lente
É inegável que a presença de fotógrafos mudou a dinâmica das corridas. Quem nunca viu um meme ou se pegou ajustando a postura ao avistar uma câmera? A brincadeira “quem aumenta o pace é o fotógrafo” reflete bem essa nova realidade. Os atletas buscam a melhor imagem, mesmo que isso signifique um esforço extra para disfarçar o cansaço e garantir um clique perfeito para as redes sociais.
Belo Horizonte: Cenário Perfeito para Corridas e Fotos
A capital mineira está em plena expansão no universo da corrida, com a expectativa de receber duas maratonas inéditas no próximo ano. E, claro, os cenários não poderiam ser mais convidativos para os registros fotográficos. Os profissionais são unânimes: a Lagoa da Pampulha, especialmente ao amanhecer, é o local preferido para capturar a beleza e a energia dos corredores. Outros pontos muito procurados incluem o bairro Belvedere, no entorno da Lagoa Seca, e o trajeto da Via Expressa até a Praça da Estação.
Histórias por Trás das Lentes: Conheça os Fotógrafos
Por trás de cada foto incrível, há um profissional dedicado. Conheça alguns deles:
- Gladson Raimundo de Souza (51 anos): Após superar a Covid-19, Gladson realizou o sonho de viver da fotografia. Ele, que é pai de Pedro Henrique (também fotógrafo) e Gladson Júnior (barbeiro), descobriu a fotografia de corrida pelas redes sociais. Hoje, seu faturamento mensal varia entre R$ 4.000 e R$ 5.000. Mesmo com o aumento da concorrência, os atletas ainda procuram sua localização para garantir o clique. Você pode conferir o trabalho dele no Instagram: @gladsonfotosesportivas.
- Valmir Leal (58 anos): Com 29 anos de experiência em fotografia e formação em Ciências Contábeis, Valmir entrou no mundo das corridas após a pandemia. Ele se posiciona estrategicamente para não atrapalhar os atletas. Para Valmir, os corredores amadores são os principais clientes, pois buscam registrar o momento sem a pressão do pódio. Seus rendimentos variam de R$ 1.200 por corrida a R$ 400 por treino, podendo chegar a R$ 4.000 em provas com obstáculos no Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. Em um único evento, o clássico Cruzeiro x Atlético no Mineirão (11/9), ele vendeu 187 fotos, lucrando R$ 1.400. Valmir valoriza a liberdade que a fotografia esportiva oferece em comparação com eventos sociais. Veja mais em seu Instagram: @vamu_andar.
- Ramon Ricardo Pedroso (33 anos): Ramon trocou a advocacia pela fotografia esportiva em 2018, após acompanhar uma amiga em uma corrida. Ele percebeu o potencial do nicho e hoje fatura mais de R$ 10 mil por mês, valor que pode dobrar em grandes maratonas. Em plataformas como o Foco Radical, as fotos custam entre R$ 11,90 e R$ 22,90, com repasses de até 90% para treinos e 60% para corridas oficiais. Na Maratona de Vitória (ES), Ramon chegou a fazer mais de 21 mil registros. Ele viaja por diversos estados, como São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Ceará e Distrito Federal, notando que os preços das fotos variam por região; no Espírito Santo, por exemplo, a foto de alta resolução custa R$ 16,90 e a de baixa, R$ 11,90. Siga-o no Instagram: @ramonricard0.
O Olhar do Corredor: A Importância do Registro
Para atletas como a advogada Bruna Martins de Andrade (33 anos), que começou a correr em 2024, a fotografia se tornou parte essencial da jornada. Bruna admite que prefere locais com fotógrafos e até escolhe o look pensando nos registros. Ela já investiu R$ 180 por mês para garantir fotos de três treinos semanais e planeja retomar o investimento ao intensificar a preparação para a Maratona de Belo Horizonte em 2026, onde pretende registrar cada um dos 42 km.
Gladson e Ramon concordam que a fotografia é um grande incentivo para a prática esportiva. Ramon observa que, de um ano para cá, a venda de fotos em dias de chuva aumentou significativamente, com 80% dos corredores mantendo seus treinos, contra apenas 30% anteriormente. “As pessoas querem ter registrado que mesmo com chuva eles estão correndo”, explica.
Fotografia de Corrida: É Fotojornalismo Esportivo
Adriana Ferreira, coordenadora do curso de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da PUC Minas e especialista em fotojornalismo, esclarece que o fotógrafo de corrida atua como um fotojornalista esportivo. Diferente da fotografia de rua, que busca a espontaneidade estética do cotidiano, ou do trabalho de paparazzi, que visa flagras indiscretos, o fotógrafo de corrida não se esconde. Ele registra gestos e momentos que os próprios atletas desejam compartilhar, atuando de forma transparente e focada no esporte.
Fonte: O Tempo