A superação de Thiago Trentin na corrida mais desafiadora da Argentina

Você já pensou em como a corrida pode transformar vidas? Thiago Trentin, um atleta de Casca, é a prova viva disso. Sua jornada de superação é inspiradora e cheia de desafios.
A Jornada Épica de Thiago Trentin: Do Check-up à Conquista na Patagônia Gelada
A história de Thiago Trentin, um atleta de Casca, é um testemunho inspirador de como a corrida pode transformar a vida. O que começou como uma necessidade de saúde em 2015, culminou em uma impressionante conquista em agosto, quando ele garantiu o quarto lugar na desafiadora Mountain do Fim do Mundo, em Ushuaia, Argentina.
Um Novo Caminho: A Corrida Como Salvação
Em 2015, um check-up de rotina revelou um problema sério: o coração de Thiago batia a apenas 32 vezes por minuto. A recomendação médica foi clara — era preciso começar a praticar exercícios físicos. Após tentar diversas modalidades, foi na corrida que ele encontrou seu propósito, apesar das dificuldades iniciais.
“O início foi muito desafiador, porque exige muito fôlego e acabei descobrindo que não é ‘só’ calçar um tênis. No começo, não conseguia correr nem 500 metros sem parar”, relembra Thiago. A persistência, no entanto, o levou a superar esses primeiros obstáculos.
Da Pandemia aos Picos Nevados: A Evolução do Atleta
Durante o período da pandemia, Thiago intensificou seus treinos, aumentando as distâncias como uma forma de lidar com o isolamento. Essa fase foi crucial para sua evolução, contando com o apoio do grupo de corrida do professor Vinicius Bernardon, que o orientou a treinar com segurança e evitar lesões.
Desde então, Thiago já completou cinco maratonas: Porto Alegre, Serra do Rio do Rastro, Buenos Aires, Bento Gonçalves e, finalmente, Ushuaia. Esta última, a Mountain do Fim do Mundo, se destacou como a mais exigente de todas, testando seus limites em um cenário de tirar o fôlego.
Preparação Extrema para um Desafio Extremo
A prova de 42 km em Ushuaia é reconhecida como uma das mais difíceis do circuito sul-americano de corridas de aventura. Para enfrentá-la, Thiago dedicou cinco meses a uma preparação minuciosa. Seus treinos incluíam mais de 100 km semanais e sessões que chegavam a quatro horas, realizadas em terrenos acidentados no interior de Casca e Camargo.
A escolha do equipamento foi um fator crítico, testado exaustivamente: roupas térmicas, meias e luvas de lã, um corta-vento hidrorepelente, touca especial, mochila de hidratação e tênis com cravos de cinco milímetros. “Cada detalhe foi testado antes. Não dava para ter surpresas. Estar desidratado ou molhado naquela temperatura significava o fim da prova, ou algo pior”, explicou o atleta.
A Mountain do Fim do Mundo: Uma Prova de Resiliência
A largada da prova de 42 km aconteceu às 7h30min, mas o sol só apareceu depois das 9h. Os corredores enfrentaram cerca de 12 km em completa escuridão, dependendo apenas de lanternas e de uma atenção redobrada para não se perderem ou sofrerem acidentes. As temperaturas chegaram a -17°C, e o percurso incluía trilhas, bosques e montanhas cobertas de neve e gelo.
Um dos maiores desafios foi o gelo traiçoeiro. “Outro fator que foi bem desafiador foi que durante o dia, com o sol, a neve superficial derreteu e à noite ela voltou a congelar, então ela acabou se tornando uma película de gelo e foi quebrando durante o trajeto. Se porventura você viesse a cair, seria a mesma coisa que cair no asfalto, é bem duro mesmo”, avaliou Thiago.
A subida da montanha principal, no Cerro Castor, foi outro ponto crítico: 4 km de inclinação acentuada, com quase 900 metros de altitude. A cada 100 metros de subida, a temperatura caía aproximadamente 1°C. Em um momento de grande dificuldade, Thiago molhou as mãos e perdeu a sensibilidade nos dedos. “Por sorte eu levei uma luva extra. Se eu não tivesse trocado rápido, poderia ter perdido a ponta dos dedos. Foi o momento mais difícil da prova”, relembra.
A Conquista que Vai Além do Pódio
Entre os 400 competidores de diversos países, Thiago Trentin cruzou a linha de chegada na quarta colocação. No entanto, para ele, o maior prêmio foi a sensação de superação e a capacidade de completar uma prova em um ambiente tão extremo. “Terminar uma prova dessas dá a sensação de que você é capaz de fazer qualquer coisa”, concluiu o atleta, resumindo o verdadeiro espírito de sua jornada.
Fonte: Gauchazh.clicrbs.com.br