Joãozinho Corredor: A Inspiração de um Ex-Alcoólatra no Atletismo

Joãozinho Corredor: A Inspiração de um Ex-Alcoólatra no Atletismo
Joãozinho Corredor: A Inspiração de um Ex-Alcoólatra no Atletismo
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Você já ouviu falar de superação? A história de Joãozinho Corredor é um exemplo inspirador de como a corrida pode transformar vidas. Vamos conhecer essa trajetória incrível!

A Jornada de Joãozinho Corredor: Do Vício ao Pódio no Atletismo

A vida de João Carlos Teixeira, carinhosamente conhecido como “Joãozinho Corredor”, é um testemunho vivo de resiliência e transformação. Aos 58 anos, este morador de São Carlos superou um período de 16 anos de alcoolismo, uma doença que ele mesmo descreve como incurável, para se tornar uma inspiração no mundo do atletismo. Sua história, marcada por perdas e uma reviravolta surpreendente, mostra o poder do esporte na reconstrução de uma vida.

Os Anos Sombrios do Alcoolismo

Por quase duas décadas, Joãozinho esteve imerso no vício do álcool. Esse período trouxe consigo a perda da saúde, da dignidade e quase custou a ele sua família. A dependência era uma batalha diária, um ciclo difícil de quebrar que parecia não ter fim.

A Corrida Como Novo Caminho

A virada em sua vida veio de um lugar inesperado: o esporte. Há mais de 30 anos, Joãozinho começou no karatê, buscando disciplina e condicionamento físico. Foi a recomendação de correr para melhorar no karatê que acendeu a chama da paixão pela corrida. “O bichinho da corrida me picou e nunca mais parei”, ele relembra.

Os primeiros passos não foram fáceis. Sem recursos para um tênis adequado, ele usava um par de futsal, o que causava dores constantes nas canelas. Contudo, a vontade de mudar era maior. A decisão crucial veio quando percebeu que não era possível conciliar o consumo de álcool com os treinos. “Não dá pra beber à noite e treinar de manhã. O corpo cobra”, ele explica. Essa escolha pela vida o levou a abandonar o álcool há 28 anos, encontrando na corrida um prazer e uma disposição que nenhuma bebida poderia oferecer.

De Atleta a Atleta-Guia: Um Propósito Maior

Com o tempo, Joãozinho não apenas se destacou em diversas provas de rua e atletismo de pista, conquistando pódios, mas também descobriu um novo propósito: ser atleta-guia para deficientes visuais. A oportunidade surgiu quando um amigo o convidou para auxiliar um grupo de três atletas cegos que precisavam de mais guias. Apesar das críticas iniciais de alguns que questionavam sua decisão de “carregar cego nas costas” em sua melhor fase, ele afirma que foi a melhor escolha que fez.

A conexão com esses atletas é profunda. “Você se torna os olhos da pessoa. Ela confia totalmente em você”, descreve. Cada pódio compartilhado com um atleta cego tem um valor imenso, uma emoção indescritível.

Um Momento Inesquecível nos Jogos Regionais

Um dos pontos altos de sua carreira como guia aconteceu nos Jogos Regionais. Joãozinho precisou substituir outro guia na prova dos 200 metros rasos, uma distância que não era sua especialidade. Correndo com o atleta Maxwell, um grito de “vai” de um guia adversário fez Maxwell disparar, arrastando Joãozinho por cerca de 20 metros de lado. Mesmo assim, ele não soltou a cordinha. O resultado? Chegaram em primeiro lugar, conquistando o ouro e emocionando a arquibancada inteira.

Inclusão e Futuro do Atletismo em São Carlos

Atualmente, além de atuar como atleta-guia quando solicitado, Joãozinho dedica seu tempo a projetos sociais. Ele trabalha com crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) através da ASA (Associação São-carlense de Atletismo), focando na inclusão e na melhoria da qualidade de vida. “É outro mundo. Saber que estou fazendo a diferença na vida dessas crianças é gratificante”, comenta.

Sobre o futuro do atletismo em São Carlos, Joãozinho é direto: “Falta valorização. Temos estrutura, temos pista oficial, mas falta incentivo.” Ele enfatiza que o atletismo é uma forma de prevenção e saúde, algo que muitas pessoas só lembram quando já estão doentes.

A Mensagem de Joãozinho: Nunca é Tarde Para Começar

Com um hábito peculiar de comer uma maçã antes de cada treino ou prova — um costume que começou por medo de passar mal —, Joãozinho Corredor é um exemplo de que a idade não é um impedimento. “Comecei a correr com 35 anos. Hoje, com 58, estou aqui, mais ativo do que nunca. Se eu não tivesse começado, provavelmente nem andando eu estaria mais”, ele reflete. Sua história é um convite para todos que pensam em começar a correr: não importa a idade, o importante é dar o primeiro passo e mudar o rumo da própria história.

Fonte: São Carlos Agora

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