O que falta para o Dia do Maratonista ser mais inclusivo no Brasil?

O que falta para o Dia do Maratonista ser mais inclusivo no Brasil?
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O Desafio da Inclusão Feminina nas Maratonas Brasileiras

E aí, galera da corrida! Já pararam para pensar por que, no Brasil, o Dia do Maratonista ainda não é tão “delas” quanto poderia ser? É uma questão que me intriga, especialmente quando a gente olha para o cenário internacional. Lá fora, a participação feminina nas maratonas já está quase meio a meio, um verdadeiro show de força e paixão.

Por exemplo, a Maratona de Londres de 2025 já tem 44,5% de mulheres inscritas. Em Boston 2025, foram 12.230 mulheres entre 28.409 finishers, o que dá 43%. E a Maratona de Nova York de 2024 registrou 24.731 mulheres em um total de 55.646 concluintes, ou seja, 44,5%. É um número que inspira, né?

Mas quando a gente volta o olhar para o nosso país, a realidade é bem diferente. Os percentuais de participação feminina nas maratonas brasileiras ainda são baixos: em Porto Alegre, apenas 25%; no Rio de Janeiro, 29%; na SPCity, 22%; e na Maratona Internacional de São Paulo, um pouco mais de 15%. Essa diferença é gritante e nos faz questionar: o que está acontecendo por aqui?

Por Que as Mulheres Correm Menos Maratonas no Brasil?

Não é falta de vontade ou capacidade, isso eu garanto! O problema é mais complexo e envolve fatores sociais e de segurança que impactam diretamente a rotina das corredoras. Treinar para uma maratona exige um tempo que, para muitas mulheres no Brasil, é um verdadeiro luxo.

A Carga Mental e a Falta de Tempo

Pensa comigo: um ciclo de treinos para maratona pede de 40 a 80km por semana. Se você corre a 6 min/km, isso já dá umas 6 horas semanais só de corrida, sem contar o treino de força, mobilidade e o deslocamento até os locais de treino. Para quem não tem uma boa rede de apoio, essa conta simplesmente não fecha.

No Brasil, as mulheres são responsáveis por 49,1% dos lares, um número que cresceu muito nos últimos 12 anos. E, em média, elas dedicam 9,6 horas a mais por semana do que os homens a tarefas domésticas e cuidados com a família. Mesmo com a corrida em alta — com 2,8 mil eventos e um crescimento de 29% em 2024 —, a agenda disponível para treinar não é igual para todo mundo. É uma questão de prioridades, sim, mas também de oportunidades desiguais.

A Insegurança nas Ruas

Outro ponto crucial é a segurança. Correr na rua, para muitas mulheres, é um ato de coragem. A pesquisa “Visível e Invisível” revelou que 37,5% das brasileiras relataram algum tipo de violência nos 12 meses anteriores, o maior índice já registrado. Em Porto Alegre, um estudo com corredoras mostrou que 85,5% já deixaram de correr por se sentirem inseguras, 48% relataram assédio sexual e 67% importunação. Segurança não é “mimimi”, é uma condição básica para que qualquer pessoa possa praticar esporte livremente.

Sinais de Mudança e Caminhos para a Solução

Apesar dos desafios, a maré pode estar virando! A Maratona do Rio de 2025, por exemplo, já bateu a marca de 60 mil inscritos e, pela primeira vez, registrou 52% de mulheres no total de provas. Isso mostra que, onde as barreiras são menores, elas já são a maioria. O desafio ainda está nos 42K, mas há pistas de como podemos mudar isso.

Globalmente, a corrida tem se tornado mais coletiva. Em 2024, a participação em clubes de corrida (run clubs) cresceu 59% no Strava. Isso prova que correr em grupo traz mais aderência, consistência e, claro, uma sensação de segurança que faz toda a diferença. Mas, convenhamos, clubes de corrida sozinhos não resolvem tudo.

Precisamos de mais do que isso. É fundamental que haja políticas públicas que garantam iluminação adequada, patrulhamento, banheiros públicos e rotas seguras para as corredoras. Além disso, a comunicação das provas e marcas precisa evoluir, convidando e inspirando, em vez de focar apenas na performance e em um discurso que, muitas vezes, parece feito só para homens. O corpo feminino aguenta os 42K, sim! O que precisamos é de um ambiente que as acolha e as incentive a ir mais longe.

Fonte: Jornal Corrida

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